cadernos de campo do AemC

junho 7, 2008

 

CADERNO DE CAMPO

dayanazdebsky

ARTE EM CIRCULAÇÃO

01 de junho

 

Programação do dia: Orquestra Organismo e Margit Leisner

 

Bem, vários materiais disponibilizados… Livros, vídeos, revistas e afins. O espaço está aberto ao público e à disposição do mesmo durante o horário de visitação. Também a disposição estão diferentes materiais para consulta e/ou cópia – incluindo a gravação das “conversas” dos dias anteriores.

Uma breve descrição do espaço:

É a Galeria da Caixa. Transformaram (Margit, Rubens…) o espaço em um lugar “habitável”, ou melhor, “ficável”. Inúmeras vezes já escrevi sobre a “insalubridade” de muitos espaços para as artes visuais no quesito permanência. Costumam ser “lugares de passagem”, onde o pouco público que os freqüenta se deparam com obras pelas quais passam. Pois bem, já que a proposta é ocupá-lo, acabo de decidir fazer deste meu lugar de trabalho quando possível, ainda mais se ele se mantiver tranqüilo como esses espaços costumam ser.

Duas estantes com livros e revistas, dois televisores, uma mesa redonda com quatro cadeiras, “pufs-bancos” brancos… Aconchegante. Ainda mais para um quase cubo retangular branco. Nada de divisórias, um espaço “aberto” com três pequenos ambientes interconectados entre si.

Em poucos instantes a sala deu uma “enchida”. Pessoas da Orquestra organismo, Paulo Reis, enfim…

As conversas têm, segundo Margit, atrasado um pouco. Ok. Básico.

Pela breve olhada que dei no “livro de presença”, boa parte do público do evento são artistas e estudantes de arte. Como sempre… Mas talvez esse evento seja mais conscientemente destinado a estes.

 

Algumas informações do programa:

 

A presente mostra é inicialmente uma reunião entre artistas de diversas localidades, principalmente d Curitiba e do Rio de Janeiro, com o público interessado nas práticas contemporâneas de agenciamento artístico, coletivos, arte processual, e questões relacionadas ao intervencionismo urbano e ao espaço público.

O projeto promove e tem como tema maior, o diálogo e a convergência de seus participantes a partir de assuntos, dados, conteúdos e ingredientes trazidos não de forma vertical ou especializada, mas também pelo público e diretamente aos artistas.

Um aspecto primordial de ARTE EM CIRCULAÇÃO é o seu formato processual, segundo o qual os conteúdos gerados se somam e se modificam, podendo ser compartilhados ao longo do evento.

SUBSTRATOS

No espaço cultural da CEF, além de falas diárias dos artistas convidados e da realização de duas mesas de debates, estão reunidos em um espaço de convivência e consulta na galeria, matérias bibliográficos – impressos e audiovisuais – selecionados especialmente por cada um dos participantes em seus respectivos acervos. A reunião desses materiais é duplamente positiva: além de dar subsídios e sustentação contextual para os diálogos e convergências, é da maior importância para o público especializado, estudantes de arte, colecionadores, professores de arte e qualquer interessado no tema. [O texto segue falando dos vídeos que serão exibidos]

 

 

Início da conversa

 

 

Glerm começa perguntando o que algumas pessoas acham que é esse projeto. Depois perguntou de Juan era da Orquestra Organismo. Afirmou que era do Interlux.

Glerm – Falamos de tecnologia ontem e hoje que deu uma overdose. Mostra o Hackeando Catatau – “blog autogerido” pela Orquestra Organismo. Falou do Encontro Submidialogia.

Glerm – Ontem explodiu uma discussão à respeito do autor, do coletivo, da autoria, da obra.

Questiona o que chama de tecnofobia...

Dedo na tomada” – lógica de um “coletivo”. Vídeo no www.estudiolivre.org em nome de Maria.

Lúcio – Solicitamos que nossa fala fosse no final do evento para que possamos conversar com as pessoas, mas rolou agora, enfim […] a proposta é fazer um diálogo, quebrando a hierarquia de apresentações (um fala e outro escuta)[…]

Glerm – […] Alguém quer falar mais algumas coisa sobre isso… Querem mais vídeo?

Lúcio – Nos colocamos como uma instância única e não apenas […] (Otávio: palestrante e platéia). Colocamos como estratégia também apresentar alguns vídeos;

Glerm- […] Qual ordem? Auto-gestão tem disso. Fala de uma “catarse” do Tony Camargo falando do artista no meio, da entrada dele para mudar alguma coisa, sei lá…

Falou de Ricardo Bausbaum – objeto não objeto.

Vídeo exibido: “O canto do cisne”.

[Engraçado. Isso está parecendo encenação de texto de teatro contemporâneo]

GOTO – Qual é o problema da orquestra organismo ter uma estrutura, ter nomes, e situações que várias vezes outras pessoas aparecem? Qual é o problema de aparecer o indivíduo nesse coletivo. Tem pessoas atrás dele que nós sabemos o quem são. Qual é o problema? […] Na história de jogar para o coletivo a ação às vezes vcs não vêm que tem outras coisas.

[Engraçado. Quando mais eles se referem ao grupo, ao coletivo, mas parece se acentuar um “eu”, uma individualidade. Contraditório, só para variar…]

 

Chegaram Tony e Juliana.

 

[Pequena confusão por causa do horário de fala. Graças a uma peça que se iniciará às 19:00 no saguão do prédio, Teríamos que sair daqui antes das 19:00.. A solução “deliberada” foi ficar até o fim da peça].

 

Margit parece ter “se irritado” com a não objetividade da fala

 

Discussão do registro como verdade.

 

Tony – Nas últimas conversas tá difícil ter foco, em qualquer aparelho. Quero fazer uma pergunta para vc Guilherme. Esse vídeo que vimos agora é, para mim um objeto. Não há qualquer coisa que o afaste disso. Minha pergunta é se vc vê que ele se afasta disso. Pra mim existe toda uma articulação forma ali. […] resumindo: isso é um objeto de arte, não?

Glerm – Minha relação com esse vídeo é de um agenciamento. Ele é do Lúcio e da Cláudia. Pra mim esse vídeo é uma potência para ver o mundo.

Tony – Eu acho que não tem como a gente escapar da autoria. Alguma coisa a gente aprendeu com o outro, tudo o que a gente faz é uma filtragem do mundo. […] não tem a ver exatamente com ego e vaidade, mas mesmo que fosse… não me importa o artista, me importa ele, me importa a arte que ele está fazendo. Nossa autoria, para quem tem uma prática de análise, é bem evidente. Aliás a tradição da história da arte, que eu gosto de estudar, mostra como uma pincelada, a um século atrás, ‘deposita uma história’, a pessoa.

Cláudia– Existem escolhas e isso permite a produção coletiva. Esse jogo de autor, não-autor, muita vezes para o reforço do caráter da personalidade de cada um… Quando a gente tenta reforçar a não autoria a gente acaba carimbando…

Otávio – Existem diferentes falas e aqui caberia o silêncio também… Acho que a questão da autoria está relacionado à idéia de propriedade [… discussão sobre corpo, sobre autoridade, sobre propriedade –] o corpo não é propriedade nossa. Para mim começa aí a nossa discussão sobre autoria. Não aceito o concordo que tem uma efetividade mais no campo da linguagem do que na reificação… da matéria. […] temos a ilusão que a autoria está no último elo de uma relação causal. […] Acho que todos de uma série causal tem o direito a essa inscrição

Lúcio – Acho que a autoria está muito relacionada à responsabilidade, de como se posiciona no mundo […] Como se coloca no mundo com uma responsabilidade política, social… essa posição é necessária […] e ela é colocada sempre como algo que está fora…

Tony – Eu ouço as pessoas comentando como se o objeto estivesse um pouco à parte, isolado. Eu encaro a autoria não como uma legenda, mas algo que está dentro desse objeto […] eu acho que considerar a obra e arte como idéia e não como processo, como procedimento é algo grave. Eu acho inclusive que toda obra de arte está em processo.

Goto – Eu acho que tem um problema na sua fala, quando você fala como história da arte, ou da pintura. […] existem várias história da arte e muitas estão para ser escritas. Isso é um referencial forte seu. […] A arte não está só no objeto […] as coisas não ficam só no visual… O vídeo que vimos tem uma narrativa, tem um áudio […]

Tony – É óbvio que eu falo da história da arte ocidental e que eu acho que a história da arte ocidental não é a única e que várias culturas a perpassam. […] eu só acho que trabalhar com arte é uma puta responsa, e é necessário considerar o que já foi feito […] porque todas as coisas que foram feitas estão o tempo reformuladas, quer a gente queira ou não. Acho que a gente sempre deve considerar as coisas que já foram feitas.

XXXX – Relação entre outros autores e estilo. Eu dou oficinas literárias e quando a gente oferece autores aos alunos eles sempre se preocupam com o estilo. Eu digo que o estilo é uma praga, ninguém se livra de uma hora pra outra de seu estilo.

Glerm – Eu acho que mais que assinar a autoria é assinar a um contrato de olho no olho com aqueles que te ajudaram a fazer aquilo.

Otávio – [dentre outras moedas em jogo} vejo a circulação como algo que agrega valor.

[como esses discursos às vezes são razos….]

Goto – Na cultura não existe o autor, tudo é repasse…. Mas ainda assim existe o sujeito… Por aí a gente entra em um discurso que a gente fala de cultura e de arte. Reduzir a arte a o mercado de arte é esdrúxulo. Lógico que a gente utiliza ele com o matéria prima. Não existe “o autor”. […] todo mundo pode ser artista mas nem todo mundo é [!]. […] quais são nossas escolhas. […] Acho que o objetivo do artista não é apenas o bom trabalho, reconhecido pelo institucional. […] o artista não é um cara conformado […] a ente tem que reinventar […] a gente não se conforma com o sistema de arte institucional e temos que reinventá-lo, reformá-lo.

Otávio – Muitas vezes a maneira de colocar esse objeto em circulação não está exatamente no nicho.

Rubens A gente não tem muito espaço de manobra.

 

MARGIT

 

Eu gostaria de não deixar de falar, porque está no programa e isso pode ser de alguma forma “bonito”….

Este projeto é fruto das pessoas que estão aqui nesse momento…. tem trabalho de um ano aí, não só meu e do Rubens mais de outras pessoas. Não existe nada que a gente faça sozinho, tudo vem de alguma forma de outras pessoas. O ato de fala aqui, a gente ocupar o espaço da Caixa, é uma das melhores coisas que estão acontecendo. As pessoas foram convidadas a participar e aceitaram. Foi uma escolha.

O fato de eu estar aqui falando depende de alguém estar me ouvindo. O espaço de fala é um espaço público nesse sentido, de representação. A partir do momento em que há um público esse espaço é um espaço de compartilhamento.

– Generosidade: falar de valores e não dar as costas para as relações que permitem a gente efetivamente interferir nesse sistema.

 

Pediu para colocar o Vídeo do Ilíada.

 

Acho uma irresponsabilidade convidar nossos amigos, para ocupar esse espaço institucional, com verba pública. Mas ao mesmo tempo eu vejo uma potência disso.

 

Goto: Estamos em um momento legal na cidade. Estamos vivendo um momento de troca, de projetos que permitem o contato direto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

made for you

junho 6, 2008

Ducha, mostrando seus ídolos aventureiros, viajantes, artistas.

quasi quasi

junho 6, 2008

luisão et al

internet como capítulo à parte. a questão do uso de software livre. as oisas que não andam. as coisas que já estão andando. a galéra que está na escuta. os meios de informação, comunicação, expressão e os meios de alteração, adulteração, insubordinação. quem se conforma ao quê? Queremos saber. O que é que vc veio fazer aqui?

Amanhã instalam internet no arte em circulação e a comunicação vai rolar mais frôxa, deus queira. MS TUDO ISSO É UM PREÇO MUITO ALTO. COMUNICAR É UM IMPEDIMENTO corporativo. Está certo Octávio Camargo, ´mas confio em quem vem com a vontade de entender tudo, mesmo desconfiando que tudo, absolutamente, não vai dar para entender. E, desconfiando que, sem entender de alguma coisa, não há como construir nem constituir nada. Mas, às vezes, tem gente que até nisso consegue constituir alguma coisa. E o que é a arte? Tewm gente que chupa.
Tem gente que tem idéia. Tem gente que faz.

Mas de que lugar estamos querendo enunciar uma descrição das coisas que estão acontecendo? Estamos apenas começando a segunda semana de conversações e o tróço não está moleza não. e alguém tem de segurar a onda. Até para que haja delírio. e haja delírio.

Cosmococa no guarda pó do Hélio Leites. E viva a via lactea.

Quasi cinema e o cara vem com um boné de filme na cabeça perguntando onde é que está o meu palíndromo? é nobre ter boné. pois é: não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era plágio.

E teremnos o que dizer. Só para avisar: estamos com vocês e não estamos a sós.

Até já, então.

junho 6, 2008

2º – Cléverson Salvaro

junho 4, 2008

1º ENCONTRO

junho 4, 2008

Sebastião Marcos e o Vale da Vida!

kaos e possibilidades

junho 4, 2008

fase 1 – montagem

junho 4, 2008

a primeira impressão do lugar CAIXA

programação

junho 3, 2008

ARTE EM CIRCULAÇÃO
Mesas de debate/ Vídeos/ Impressos/ Registros/ Ações
De 27 de maio a 15 de junho
CAIXA Cultural Curitiba
Rua Conselheiro Laurindo, 580
www.caixacultural.com.br
coordenação: Rubens Pileggi
curadoria: Margit Leisner
 
participantes e cronograma de falas:
Maio
As falas começam às 17h
27 Sebastião Souza
28 Ducha – C.L. Salvaro
29 Marssares
30 Jarbas Lopes
31 Arthur Leandro
Junho
01 orquestra organismo – margit leisner
03 e/ou
04  luis andrade
05 fernando de la roque
06 laura lima
07 pipoca rosa
08 giordani maia – couve -flor
10  guga e interlux
11  rubens pileggi
12  ronald duarte
13  alexandre vogler e marssares
14  roosivelt  – romano – janete el haouli
15  edson barrus – agente dupla
 
horário das mesas: 14:30h
31/05 – [ MESA 1] Patrícia Canetti e Orquestra Organismo
Debate sobre tecnologias de uso livre de servidores em ambientes de colaboração participativa e acessibilidade de produção eveículos participativos e colaborativo em redes.
15/06 – [ MESA 2] Ricardo Basbaum, Edson Barrus e Alexandre Vogler
Mudanças de  paradigmas no circuito da arte.
 
Apresentação da proposta
A presente mostra é, inicialmente, uma reunião entre artistas de diversas localidades – principalmente de Curitiba e do Rio de Janeiro – com o público interessado nas práticas contemporâneas de agenciamento artístico, coletivos, arte processual, e questões relacionadas ao intervencionismo urbano e ao espaço público.
O projeto promove e tem como tema maior, o diálogo e a convergência de seus participantes a partir de assuntos, dados, conteúdos e ingredientes trazidos não de forma vertical ou especializada, mas também pelo público e diretamente aos artistas. Um aspecto primordial de ARTE EM CIRCULAÇÂO é o seu formato processual, segundo o qual os conteúdos gerados se somam e se modificam, podendo ser compartilhados ao longo do evento.

adensamentos de conteúdos

junho 3, 2008

Ainda que a internet ainda não tenha sido instalada na CAIXA Cultural de Curitba para servir ao nosso projeto ARTE EM CIRCULAÇÃO, que já está entrando na segunda semana – começou terça passada, dia 27 de maio – é possivel dizer que as situações, questionamentos, posições estão aparecendo e muitas coisas ainda estão por vir, afinal, só em 15 de junho termina nossos trabalho na galeria da CAIXA.

Temos as gravações das falas dos artistas, vídeos para consulta e cópia, material impresso como livros, revistas e catálogos que podem ser copiados, também, além das mesas de debate.

A primeira já foi bastante densa, pois no que se refere à relação arte e tecnologia, muita coisa, mas muita coisa mesmo tem ainda que ser problematizada. O que ficou mais claro, nas falas, principalmente do Octávio e do Glerm, que essa magia de, apenas apertar um botãozinho e colocar o vídeos de sua performance no espaço cibernético, pode ser uma tremenda roubada. e o artista, ao invés de estar usando tal meio, acaba se tornando vítima ou cúmplice de um mesmo sisatema do qual, muitas vezes, seu próprio trabalho quer combater.

Postarei a programação do ARTE EM CIRCULAÇÃO, abrindo de vez esse caminho “virtual” de acesso à informação, para que outras pessoas tanbém possam transitar por ele.